sexta-feira, 6 de maio de 2011

NOTA SOBRE A DECISÃO DO STF
SOBRE UNIÕES HOMOAFETIVAS

Partilhamos com todos aqueles que estão nas ruas, festejando a decisão favorável dos magistrados acerca legitimidade das uniões entre pessoas do mesmo sexo. Ainda assim queremos chamar a atenção de todas e todos para a forma como o fato vem sendo trabalhado pelos meios de comunicação e até mesmo por alguns militantes:
Tal decisão não foi um “PRESENTE” dos doutores. Este senhores respeitáveis, que desfilam seu brilhantismo e sua capacidade de enunciar, comovidos e comovendo tantos e tantas, cumprem com sua obrigação e expressam o resultado de anos de luta, de pessoas que vivem no mundo fora dos tribunais. Nas ruas, para ser mais exato. Não é um presente, é uma CONQUISTA! Regada a muito sangue, especialmente das travestis, transexuais e lésbicas, vítimas dos mais diversos tipos de violência.
A decisão do STF é resultado de uma luta que não acabou e não vai acabar tão cedo. Resta muito a ser feito! Esta decisão, para além dos discursos emocionantes, deve se traduzir em realidade... realidade que é feita de pequenos detalhes, como por exemplo, o direito das travestis usarem o banheiro feminino nas escolas, sem que tenham que brigar com todas as professoras e alunas para que isso aconteça.
Portanto, comemoremos sim! Mas, jamais percamos  de vista o quanto este mundo capitalista e este Brasil neoliberal ainda estão  longe do mundo e da sociedade que almejamos.

sábado, 30 de abril de 2011

SECRETARIA LGBTT -APEOESP
SUBSEDE SUL / STO. AMORO

 O ano de 2010 foi especial para a Subsede Sul, da APEOESP, em Sto. Amaro. Não só pela atuação de destaque que nossos conselheiros tiveram  por ocasião da greve que ocorreu neste ano, mas também pelo pioneirismo e coragem de sua gestão. Em abril, foi criada a Secretaria LGBTT, a primeira de sua “espécie”. Desde então, já é notório o seu protagonismo em atividades de luta por uma sociedade mais justa e menos excludente, como por exemplo o I Encontro Regional LGBTT (em setembro de 2010) e a Marcha Contra a Homofobia (em março de 2011).
Porém, a Secretaria tem uma atenção especial e prioritária às práticas de mobilização da “base”(nas escolas, com pais, professores e alunos): oficinas, palestras, debates, formação etc.; como o movimento e as intervenções na EE José Vieira de Moraes (em 2010) e na EE José Geraldo (em 2011).
Não pode haver luta do trabalhador sem a luta contra a opressão e, portanto, contra a homofobia; não pode haver luta contra a homofobia e o preconceito de gênero sem a luta contra a exploração capitalista. Se essas lutas se separam, elas deixam de ser autênticas. Esse é um dos nossos princípios mais elementares.



sexta-feira, 15 de abril de 2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

CARTA ABERTA

CARTA ABERTA AOS ARTISTAS

É hora da Virada, chega de Homofobia !
Basta de Violência! Basta de impunidade para os agressores!

Nós, organizações e ativistas da luta anti-homofobia, queremos fazer um convite a transformarmos a Virada Cultural em um espaço contra o preconceito e todo o tipo de discriminação e violência. Esta é uma luta na qual, historicamente, artistas têm tido um papel fundamental e que, hoje, mais uma vez a sua voz se faz necessária.

No último período, temos assistido a uma escalada da violência e ações de guangues homofóbicas, racistas e sexistas, em episódios cujas frequência e gravidade exigem de todos uma reação. A lista parece não ter fim: manifestações públicas de grupos neonazistas, lâmpadas estouradas no rosto de homossexuais, soco inglês e até bombas caseiras.

A onda de agressões na região da Paulista e Augusta continuou, como no caso do ativista Guilherme Rodrigues, atacado no final de março. A ponto de a polícia especializada considerar hoje a região como uma “Faixa de Gaza”.

Isto tudo, no entanto, é apenas a ponta de um verdadeiro "iceberg" já que existem tantos outros casos que se perdem no silêncio cotidiano, sem alcançar repercussão. A própria Virada Cultural, um momento de alegria, tem sido palco de inúmeros ataques homofóbicos, quase sempre ignorados ou tomados como “brigas”, e registrados como “lesão corporal”.

Temos tentando reagir a tudo isto através protestos permanentes. Mas, acreditamos que esta batalha só será vitoriosa quando conseguirmos a solidariedade "ativa" dos que não acham que agressões assim possam ser consideradas “normais”. Agora, é preciso que todos repudiem o preconceito, tanto o das esquinas quanto o que se encontra nos corredores do Congresso, em gente como o fascista Bolsonaro, e suas lamentáveis declarações racistas e homofóbicas.

Nossa maior ameaça é o silêncio, o medo. E contra isso, vocês, artistas, podem cumprir um papel muito importante. Nesta Virada Cultural, convidamos todos os grupos, coletivos e artistas que estarão no evento a levantarem sua voz, usarem sua arte ou de qualquer outra forma manifestarem seu apoio à luta pela liberdade de expressão e pela diversidade da experiência humana, contra qualquer forma de violência.

Seria fantástico se na abertura de cada peça de teatro, se num gesto da coreografia, na improvisação da performance, cada um de vocês se juntassem a nós (gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros, negros, mulheres e todo este "arco-íris" que forma a espécie humana) em um grito que se faça ouvir em todos os cantos: BASTA!

Criatividade vocês têm de sobre. Então só precisamos de sua solidariedade. Faça um gesto. Dê uma palavra. Algo muito simples, mas que, com certeza, fará muita diferença na vida de muita gente que não quer mais o silêncio.

É hora da Virada, chega de Homofobia e preconceito! Basta de Violência! Basta de Impunidade!

Para mais informações, entre em contato, através deste e-mail ou dos seguintes:

Secretaria LGBTT - APEOESP / Subsede Sul - Santo Amaro
secretariaformacao@gmail.com

MOVIMENTOS CONTRA HOMOFOBIA:
movimentoscontrahomofobia@gmail.com

Guilherme Rodrigues: guiaarodri@hotmail.com

CSP – Conlutas: Dirceu Travesso – dirceutravesso1@gmail.com 
 Tel.: (11) 8923-7648

GT GLBT (CSP-Conlutas): Douglas Borges:
camaradadoug@hotmail.com

ANEL (Associação Nacional de Estudantes):
anel.sp.glbt@gmail.com

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

POBREZA
(Cecília Meireles)

Não descera de coluna ou pórtico,
apesar de tão velho;
nem era de pedra,
assim áspero de rugas;
nem de ferro, embora tão negro.

Não era uma escultura,
ainda que tão nítido,
seco,
modelado em fundas pregas de pó.

Não era inventado, sonhado,
mas vivo, existente,
imóvel testemunha.

Sua voz quase imperceptível
parecia cantar _ parecia rezar
e apenas suplicava.
E tinha o mundo em seus olhos de opala.

Ninguém lhe dava nada.
Não o viam? Não podiam?
Passavam. Passávamos.
Ele estava de mãos postas
e, ao pedir, abençoava.

Era um homem tão antigo
que parecia imortal.
Tão pobre
que parecia divino.