terça-feira, 27 de abril de 2010

APRESENTAÇÃO

É difícil dizer exatamente como nasce uma grande idéia. Certamente suas raízes vão fundo na consciência (ou consciências) de quem a concebeu, mas também alcança com profundidade as condições objetivas em que vive tanto quem teve a idéia quanto aqueles a quem ela se destina.

Confiamos firmemente que esta Secretaria nasceu a partir de uma demanda que a própria realidade nos impõe: milhões de indivíduos (homens, mulheres, crianças e jovens) que vivem sob o julgo da opressão de gênero e não podem vivenciar sua sexualidade de maneira livre e saudável. Quantas não são as pessoas que temem sofrer a discriminação e o preconceito que o exercício de uma sexualidade diferente daquela heterossexista, patriarcal e machista acarreta? Quantos outros não desenvolveram comportamentos neuróticos e práticas hedonistas que lhe trazem mais sofrimento que prazer devido o julgo dessa opressão? Entretanto, ela nasceu também da coragem de algumas pessoas que não se intimidam com os riscos que a liberdade encerra.

Liberdade, fim da opressão! Esse é o nosso mote, essa é a nossa luta e, junto com as demais secretarias da Subsede Sul de Santo Amaro, da APEOESP, identificamos na rede pública da educação do Estado de São Paulo o lócus privilegiado de nossa atuação, mas queremos que nossos esforços vão muito além e não hemos de nos limitar, transcender limites para nós da comunidade GLBTT é sinônimo de liberdade. Transcender todos os limites que signifiquem opressão e supressão da liberdade, de gênero, de classe social, religiosos, ideológicos, ou qualquer outro que nos impeça de sermos livres.

Bem-vindos

Povo e compas.,

Há coisas que não merecem comentários (só respostas....)

Beijos (indignados, como sempre)

Wilson

P.S.: Foi impossível não pensar em Geni, companheira desde sempre na luta por manter o mínimo de dignidade num mundo, literalmente, cheio de merda e "merdinhas" com os uspianos que, diga-se de passagem, repetem atrocidades semelhantes, cotidianamente, em seus jornalecos das atléticas e outras pseudo-entidades estudantis. No meu tempo, pelo menos, este povo tinha um pouco mais de "sofisticiação intelectual"....

Então, para aqueles que, como eu, ainda insistem em arrancar alguma coisa que valha a pena deste (e uns tantos outros...) tipo de absurdo que anda nos cercando, fica a dica de revisitar o velho Chico.

No mínimo, além da deliciosa musicalidade, é uma trilha legal pra (dar uma infladar no "ego") e lembrar que é preciso ser muito "gente" pra viver num mundo em que existem animais como os moçinhos da USP.

É preciso muito de algo que estes moleques nunca vão ter em suas medíocres e limitadas vidinhas. Um "algo" esculpido e moldado até mesmo pelas constantes ameaças homofóbicas (racistas, machistas, de classe...) que estes imbecis vivem nos fazendo.

Afinal, só quem sabe o que é ser "Geni" todos os dias, sabe o quanto é preciso para conseguir limpar, dia a após dia, as escarradas que vem nas horas e lugares mais inesperados, para suportar a dor dos tapas sem medo de saber como dar o troco. E, também, para desviar, com graça e agilidade felina, se possível (porque, afinal, também há prazeres em sermos quem somos) dos pedaços de merda com os quais insistem em nos atingir.

Ah! E é bom que este povo saiba que muitos de nós não estão entre os que se deixam seduzir e enganar por políticos de joelhos, bispos (e papas) de olhos vermelhos e muito menos por banqueiros com banqueiro com um milhão.

Rebeijos,

Wilson


Geni e o Zepelin
Scambo
Composição: Chico Buarque

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co'os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir, diz
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo, dizendo, dizendo - Mudei de idéia

- Quando vi nesta cidade
- Tanto horror e iniqüidade
- Resolvi tudo explodir
- Mas posso evitar o drama
- Se aquela formosa dama
- Esta noite me servir

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a ovo e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão,dizendo
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni, você dá pra qualquer um


Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem se-dá ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Em zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir,gritando
Joga merda na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir

----- Mensagem encaminhada de whsilva@usp.br -----
Data: Sat, 24 Apr 2010 00:20:18 -0300
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Assunto: UOL - Notícias por e-mail
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